Paganismo
Uma introdução pela Federação Pagã
Quem agora conhece a antiga linguagem da Lua? Quem agora fala com a Deusa ?… Só as pedras agora se recordam do que a Lua nos disse há muito tempo, e o que nós aprendemos com as árvores, e as vozes das ervas e dos cheiros das flores…
– Tony Kelly, “Pagan Musings”, 1970
Em todas as Eras tem havido mulheres e homens cujas almas têm sido profundamente tocadas pela Natureza, pessoas para as quais as Estrelas falam do seu gracioso silêncio, para as quais a Lua não é só um corpo celeste, para as quais as plantas e os densos bosques são como as catedrais da alma. Pessoas que amam e respeitam a Natureza, tirando partido dela sem a destruir, pessoas que acreditam que homens e mulheres têm os mesmos direitos e se respeitam. Estes são os Pagãos.
Paganismo é uma forma de vida e é uma religião que tem as suas raízes na pureza da infinita variedade da Natureza, venerando a Divindade Feminina e o seu sagrado Masculino em todos seus aspectos. Um ser humano não se concebe só por um ser, é preciso o lado feminino e o masculino para a criação, ninguém nasce do nada, por isso quem nasce com o sentido Pagão nasce amando naturalmente a Deusa e o Deus seu consorte.
Os Pagãos respeitam todas as pessoas e todas as formas de vida como parte de um Todo sagrado. Cada mulher e cada homem é para um Pagão, um lindo e único ser. As crianças são amadas e honradas. Os bosques, as florestas e as clareiras são o lar dos animais selvagens e das aves, que são tratadas com respeito e carinho.
O Paganismo acentua a experiência religiosa pessoal. Nós procuramos a união espiritual com a Divindade através da harmonização com as correntes da Natureza e pela exploração do nosso próprio interior. Os nossos Ritos ajudam-nos a harmonizar com os ciclos naturais das mudanças das estações e a compreende-los, por isso ocorrem nos Equinócios, Solstícios e nos Pináculos, e nas fases da Lua e do Sol.
Podem-se encontrar uma grande variedade de Tradições dentro do nosso largo espectro e isto reflecte a variedade da nossa experiência espiritual. Todo o Pagão é Politeísta por natureza; alguns veneram Deuses e Deusas, enquanto que outros concentram-se numa Força Vital, e outros ainda são devotos de um casal cósmico – Deusa e Deus.
Nós celebramos nossas Divindades, e acreditamos que cada pessoa deve encontrar o seu lar espiritual de acordo com os ditames da tranquila voz interior da sua própria alma. Também por esta razão nós respeitamos todas as religiões sinceras, e não profetizamos nem procuramos convertidos.
Das outras fés e da sociedade em geral, nós só pedimos tolerância.
Paganismo – Princípios Básicos
A Federação Pagã acredita que toda a gente deveria ser livre para seguir a sua religião, ou seja, que possam adorar os seus Deuses e Deusas como bem entenderem. Actualmente o Paganismo é uma noção generalizada que engloba uma variedade de Tradições ou crenças mas que possuem alguns aspectos básicos em comum.
Faz o que quiseres, mas não prejudiques a ninguém
Isto NÃO significa que a pessoa seja livre para fazer tudo o que lhe apetece, quando lhe apetece. Significa, porém que a pessoa deve sentir-se livre para fazer o que quiser, desde que não prejudique ninguém. Assim, antes de fazer alguma coisa deve sempre pensar nos outros.
Isto pode envolver o facto de se assegurar primeiro de que ninguém vai sair magoado com os seus actos, ou apenas tentar não incomodar os outros com as suas acções. Significa também que tudo aquilo que fizer não deve magoar o próprio. As pessoas deveriam estar atentas à sua própria segurança e saúde e bem-estar, livres de preocupações antes de fazerem coisas que possam causar-lhes qualquer tipo de mal.
Esta é uma verdade tanto para o trabalho mágico como para a vida do dia-a-dia. Se roga uma praga a alguém, está a tentar fazer-lhe mal… Se tenta fazer alguém apaixonar-se por si quando a outra pessoa talvez nem sinta a menor vontade de o fazer, está a fazer com que aja contra a sua própria vontade. Por isso, os pagãos são muito cuidadosos acerca do tipo de magia que utilizam.
Toda a gente deveria ter a possibilidade de agir livremente, sem serem detidos pelas opiniões e atitudes de pessoas que não concordem com elas. É ser você mesmo, descobrir aquilo em que VOCÊ acredita, aquilo que VOCÊ pensa e não se limitar a seguir com a maré ou aquilo que está na moda.
É certificar-se de que se sente seguro e feliz com aquilo que faz na vida do dia-a-dia e no caminho espiritual que escolher.
Respeito e reverência pela Natureza
Os pagãos acreditam que o planeta Terra é um ser vivo e que tudo o que existe no planeta é parte daquilo que o faz viver.
Isto pode ser facilmente observado de várias maneiras. Por exemplo, as árvores crescem da terra, assim as pessoas consideram-nas como sendo parte da “natureza”, pensamos nelas como seres especiais por serem uma parte tão extensa da Terra. Os pagãos acreditam que, tal como as árvores, as pessoas são também uma parte da Natureza. Acreditamos que tudo aquilo que acontece ao planeta nos afecta de diversas maneiras. Isto porque somos uma parte importante do planeta e o planeta é uma grande parte de nós.
A Natureza, seja ela as flores, árvores, animais ou os campos, é maravilhosa! A sua beleza preenche os nossos olhos, nela se passeia por locais encantadores e não poderíamos viver sem ela. Por estes motivos os pagãos acreditam que a natureza deveria ser altamente respeitada. Os pagãos devem fazer diversas coisas para ajudar a Natureza como o reciclar latas e jornais, isto ajuda o planeta. Não demora muito tempo a fazer, mas pode ter um enorme impacto e sentimos que fazer estas pequenas coisas é o mínimo de respeito pela Natureza.
O tipo de sentimento que alguém pode ter quando observa a soberba vista do topo de uma grande montanha ou quando assiste a uma grande tempestade é o tipo de sentimento que os pagãos têm pela natureza em todos os momentos da sua vida. Sentimos a Terra como um Todo, tal como uma Deusa que nos dá a vida e nos acompanha pelas estações do ano; Tal como dá vida às árvores e aos animais, Ela também dá vida ás pessoas. Por isso, os pagãos sentem que a Terra é muito importante e que eles devem dar o seu melhor para a proteger.
Reconhecimento de um Deus e de uma Deusa
Ao contrário de algumas religiões, os pagãos acreditam que há um Deus e também uma Deusa. Ambos vivem neste mundo e O Deus e a Deusa são parte da Natureza, tal como nós. Porque os homens e as mulheres são diferentes e porque necessitamos do masculino e do feminino para fazer com que o mundo não pare, os pagãos acreditam que a natureza também tem um lado masculino e um lado feminino. Podemos vê-los na Natureza. Por exemplo, a raposa é uma criatura rápida e inteligente, e é assim que o Deus é visto como parte da raposa. Contudo, também se preocupa bastante com as suas crias, abdicando do seu próprio conforto para mantê-las quentes e bem alimentadas; isto pode ser visto como a Deusa na mesma raposa. Se não fosse rápida e inteligente, a raposa não seria capaz de alimentar as suas crias, ou mantê-las quentes, e sem as raposas mais jovens não haveria continuação da espécie nos anos seguintes… assim podemos compreender como o Deus e a Deusa trabalham em conjunto neste animal.
Os Pagãos acreditam que é importante saber que a Deusa pode ser adorada da mesma maneira que o Deus. Para algumas pessoas, a descoberta de que existe uma contra-parte feminina para o Deus é muito importante e ajuda-os a encontrar sentido no mundo.
A maioria dos pagãos concordará com os ideais acima descritos. De facto, muitas pessoas não pagãs poderão concordar com eles. Não são regras duras e rígidas em que uma pessoa é punida por quebrá-las, mas podem ser vistas como guias sábios para viver a vida. Muitos pagãos terão outros ideais e princípios que regem as suas vidas tal como estes. Lembrem-se de que os pagãos são todos pessoas diferentes com crenças diferentes, e ninguém tem todas as respostas, contudo as opiniões de todos são importantes. Uma vez que os Deuses e Deusas se encontram em todo o lado, as pessoas encontram-nos em diferentes situações que fazem sentido para nós – Os Pagãos entendem o Deus e a Deusa de maneira muito própria, ou segundo a Tradição mágica a que estão ligados, mas nenhum Pagão adora UM só principio criador … (assim o deus dos Cristãos pode ser visto como o mesmo Deus dos Budistas). Muitas vezes estas ideias podem não fazer qualquer sentido para si, mas isso não significa que estejam erradas. Nenhuma religião é a correcta, e é importante que as pessoas aceitem que outros possam seguir o caminho que realmente querem seguir. De momento o Paganismo pode parecer-lhe o caminho certo para si, mas lembre-se de que as coisas podem mudar de futuro e que mais tarde pode sentir que não era afinal o indicado.
O Paganismo ainda é incompreendido pela maioria das pessoas, que frequentemente associam-no com a magia negra e com o diabo. O diabo não tem lugar no Paganismo, uma vez que é um ideal cristão. Os pagãos não adoram o diabo uma vez que não acreditam na sua existência.
É sempre bom falar com os pais, e amigos que podem sentir-se preocupados ou até assustados com as crenças pagãs. Talvez possa mostrar-lhes este panfleto para ajudá-los a compreender os factos reais acerca do Paganismo. A Federação Pagã não pretende converter ou recrutar ninguém, mas deseja que todos compreendam o Paganismo.
Muitas vezes pergunto a mim próprio …
- Os Pagãos prestam culto ao diabo?
Não, o diabo faz parte da mitologia cristã. Muitos Deuses pagãos são representados com cornos tal como os do Stag, mas não são o diabo, são apenas Deuses da Natureza. - As bruxas têm vassoura?
Sim! São muito úteis para varrer as folhas do pátio! Muitas bruxas possuem a tradicional vassoura de bruxa, mas a maioria acha a bicicleta uma melhor maneira de se deslocar. - A magia funciona?
É claro que sim. Porque outra razão a utilizaríamos? Contudo, ela funciona frequentemente de modo inesperado. Tal como qualquer outra habilidade, é sempre melhor encontrar um bom mestre. - O que é a estrela de cinco pontas que tantos de vocês parecem usar?
É chamada de Pentagrama. Muitos pagãos o usam. Representa geralmente a Terra, o Ar, o Fogo, a Água e o Espírito – os cinco elementos mágicos que constituem a vida.
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